quinta-feira, 29 de abril de 2010

Meu testamento....

                                   MEU TESTAMENTO e CARTA DE DESQUITE



                                                         (tudo junto e misturado)


NOTA INICIAL DA DIREÇÃO E REDAÇÃO:

Este texto, em escrito na forma de prosa, é uma expressão de cunho particular, que não tem objetivo atacar pessoas ou qualquer um que se entenda assim (pessoa). Traz uma classificação de um ente muito “presente” ao longo dos séculos no meio de toda a sociedade, porém visando não ofender aos que ainda a seguem, mudamos seu nome criando assim um ser despersonalizado que pode (ou deve) ser entendido da maneira que os Ilmos.Leitores quiserem ou puderem.
                                                                                                                                   O Diretor




Querida amiga, parte de mim mesmo...



Lembro-me como se fosse hoje, o primeiro momento após o nosso 1º encontro, na verdade, minha boa memória consegue reviver até mesmo os sentimentos que nutria antes mesmo de nossa apresentação.

Eras para mim, algo meio que sem forma, gosto ou alegria. De certa forma tive medo de me perder em você, perder minha identidade, minha alegria ou os traços de minha personalidade.

Mas aprouve que viéssemos a ser apresentados, no início, confesso, fiquei ressabiado, com aquele hostil “pé atrás”. Como é do meu feitio, passei a te observar, reparar detalhes minúsculos, como você se portava, a maneira de falar, o perfume que exalavas, a roupagem que vestias.
Confesso que gostei, considerava cada palavra que saía da sua boca, até meditava depois, conferia tudo naquele livro que você me indicou (não ganhei, comprei).

Depois, percebi que você não era uma moça sozinha, mas que era Noiva, curioso que sou permiti que me falasse desse seu Noivo. Você foi me apresentando-o, e por seu intermédio, permitindo e estimulando que eu fosse fazendo amizade com ele. E naturalmente, seguindo o curso da vida, ele e você passaram a fazer parte dos meus dias.
Olha, podem até me acusar de “trair a pátria hetero”, que nem ligo, passei a admirar e amar demais o seu Noivo. Uma pessoa encantadora, educado, fino, amável, desprendido, tolerante até mesmo com as perguntas idiotas que lhe fazia. Natural que a Madame viesse a se interessar por Ele. Eu por muito menos também o faria.
Impossível deixar de destacar o quanto passei a te admirar, quanta gente boa me apresentaste, muitas referências, muitos sábios e não muito sábios. Gente boa e gente não muito boa, uma diversidade sem fim de gentes, que pelo menos conseguia se reunir com um só propósito, o qual não consigo me recordar......


                                                      Bom, depois eu lembro...


Dias e meses incríveis se seguiram, minha vida passou a não ser mais a mesma, consegui meditar e melhorar em coisas que nem imaginava ser capaz, permitir aflorar sentimentos, atitudes que nem sonhava em fazer. A propósito, obrigado por isso, nunca te disse, mas por sua “culpa”, hoje consigo falar diante de um grande auditório, graças aos seus incentivos (alguns empurrões também, mas é valido).

Nunca te revelei isso, mas nos tempos de escola, eu tinha uma timidez “do cão”, e jamais apresentara um trabalho sequer na frente da sala. Por ser muito caucasiano (jeito politicamente correto e babaca de se referir a alguém de pele branca), a timidez se manifestava com um grande ruborizar de todo o rosto, permitindo as gargalhadas dos ouvintes, o gaguejar e confusão da mensagem a ser transmitida. Graças aos teus empurrões, criei a força necessária para tal, seu Noivo também foi um grande incentivador, sempre me lembrando que eu era capaz de tal façanha.

Acho que Ele sabe disso

Mas o tempo foi passando, e um amigo teu diz o seguinte:



                                                 “O tempo é inimigo da paixão...”



Nós fomos estreitando os laços, passei a fazer parte da sua vida, participando, encabeçando, dedicando meu tempo, entregando os meu$ melhore$ dias. Chorávamos, clamávamos, prevíamos um futuro melhor, e um presente se renovando constantemente. Aprendi como um menino, você me trouxe comida de bebê, pois eu ainda não conseguia mastigar direito.

Claro que os pratos eram diversificados, e não vou mentir, muitos deles de gosto duvidoso, até mesmo para uma “criança”, e quando é assim, o rebento acaba por regurgitar o alimento e se sabe andar bem como ler consegue saber aonde encontrar comidinhas por si só. E assim vai sobrevivendo e desenvolvendo-se.

Ainda no início, passei a observar em você, certos comportamentos, que diante do pequeno raciocínio que possuía, entendia serem contraditórios. Claro que todos irão errar, mas o cruel de tudo, era perceber cagadas gloriosas, que afrontavam em grau, gênero e número, tudo aquilo que você esbravejava e me pedia para gritar juntamente com você em um coro altíssimo, porém de qualidade sonora duvidosa (mea culpa pela voz feia).

Confesso ter pensado em desistir da sua companhia, isso era motivo suficiente para deixar de andarmos juntos. Mas tive uma pequena conversa com seu amado Noivo, e ele foi muito bacana comigo, e perguntou:

 
NOIVO: “Meu amigo, você me ama?



eu: Poxa, claro que amo...



NOIVO: Então fica conosco por minha causa, pode ser? Eu abraço tudo.



Eu:Tem lógica, se é assim eu fico, vou fazer o meu melhor, muito obrigado.”


Decidi não desistir da nossa amizade. Mas o tempo continuou a passar e estranhamente com ele, tudo de maneira estranha começou a ficar diferente. Percebi que estávamos novamente nos distanciando, algo(s) começava a se me ter em nossa amizade.
Como amigo, creio poder falar, e já o fiz algumas vezes. De uns bons tempos para cá, você começou a tolerar muita coisa e intolerar em contra partida, outras tantas.

Você, nós, eu já não sei. Passou a se interessar por Poder, isso mesmo, mostrou-se solícita para com àqueles detentores de um certo grau de poder e influência, anelado a isso, passou a gostar muito das lisonjas que lhe faziam, sem perceber com tudo (graças a embriaguez do elogio) que estavam se aproveitando de você, que a propósito, sempre foi linda, o Noivo escolheu bem (eu acho).

Não posso esquecer de lembrar que passou a valorizar a amizade de pessoas que possuam bens e riquezas. Nas gírias periféricas, diz-se: “A mina passou a dá moral pros playboy, nem sabe que esses veados, tão querendo zoar com a cara dela...”.

De uma hora para outra, passou a usar perfumes fortes, roupas extravagantes. Pasmem, casaco de pele em um país tropical é muito cafona (pronto falei). Até o discurso passou a voltar-se para o TER, não mais o SER, uma coisa bem estranha.
E olha que nem falei da parte sobrenatural, com as visões (até pensei que estava usando Acido Lisérgico) de anjos, demônios, armas, ferramentas, potes de ouro e sei lá mais o que.

Infelizmente, teu adjetivo para mim passou a ser Madame, nada mais justo para alguém que passou a torcer o nariz para as pessoas que o Noivo se dedica totalmente. Pior ainda é que você tem sido como um advogado que se aproveita de brechas com desculpas “sensacionais”, e até para os pobres você conseguiu arranjar, disfarçando que o problema está com eles, é espiritual, ou mesmo maldição hereditária. Não, o problema nunca está na gente, né?


                                                                       V.T.N.C.G.!!!

                               Cansei de argumentar contigo, vou direto ao desfecho desta carta:


Te amo, isso é fato, se não amasse, tinha acabado contigo de alguma maneira, ou simplesmente virado as costas e ido embora. Mas nunca consegui, ou quis conseguir.

Chorei muito por causa de nossa amizade, falei demais com seu Noivo, pedindo socorro, e mesmo me dispondo a ser o ponta pé da mudança, nunca dizendo que eu seria melhor, Ele, por nesses anos tendo a humildade de ser verdadeiramente meu amigo, sabe que me coloco como sendo o mais inferior e indigno de qualquer pena.

Em meu desespero, quis desistir várias vezes, quando realmente precisei de VOCÊ, não da sua acusação regada de ONISCIÊNCIA, você mal olhou na minha cara, ainda bem que na crise final, seu Noivo se aproximou, como um amigo e um Pai, me abraçou, disse que me entendia, e até mesmo se condoia comigo, não me disse estar certo ou errado, ainda que tivesse total liberdade e capacidade para tal. Perguntou se eu confiava nele, logicamente disse que “sim”. E me vi como alguém mais crescido, nessa cena, andando ao lado desse amigo, e ele, como sendo de maior estatura, me tratou como um homem e pediu para eu não me preocupar, pois estava comigo.

Era disso que eu precisava, alguém que estivesse comigo, que me ouvisse, e quando necessário, me exortasse, mas em Amor. Pois de acusação já basta a que eu faço. E olha que deixaria qualquer “cramunhãozinho” a desejar (mal do direito).

Diante de tudo o que te disse, expus e tentei explicar, te digo ADEUS e te dar o DESQUITE.


Mas é claro, que vou listar algumas coisas que vou deixar com você, coisas estas que parecem estar meio gastas, mas espero que consiga aproveitar algumas coisas, esse é o meu TESTAMENTO:
1- Deixo a quem interessar, a minha alegria de pular, saltitar e gritar de maneira sincera e desimpedida, pois em teus átrios já não conseguirei fazer mais;

2- Os meus brados de exaltação Aquele que é Digno, abafados pela péssima acústica de suas paredes. E envolvido com alterações microfonadas, isso pode ser e deve feito em qualquer outro lugar, com ou sem sagrado;

3- Minha inocência que fora perdida após tantos apelos estranhos e emocionais, regados a uma psicologia nojenta que incita o medo de ser castigado e as pragas oriundas da desobediência. Poxa, amigo não faz esse tipo de coisa;

4- Meus relacionamentos pessoais, seja amoroso, ou coleguismo, muitos deles divididos pelas muitas invenções programadas por você, piores que raves ou festas psicodélicas que parecem algemar a quem freqüenta, impedindo qualquer movimento que não o de total aceitação;

5- A confiança em algo institucionalizado, ou mesmo que tenha se envolvido com as muitas políticas e acordos firmados. Isso tudo deve ser devolvido na forma de um supositório, que provavelmente não será percebido;

6- A passividade da minha mente e dos meus posicionamentos, tudo o que vi e engoli, ainda vai me fazer mal por um tempo, mas sabe como é o corpo humano, acaba por excretar as impurezas, tudo é uma questão cronológica. Toda minha apatia vai ser transformada em ação prática, expressadas a minha maneira, e nenhum semelhante que estiver próximo de mim, vai passar pelo mesmo, pois um companheiro zela pelo outro;

7- E se esse falso deus, que constantemente é imposto, for rancoroso do jeito que você tem ensinado, ele acabou de ganhar o pior de todos os inimigos. Alguém que confia no Amor, na Verdade e na Vida, alguém semelhante àquele que se rebela contra os deuses (God of War?);

8- Fique também com meu vício de estar em eventos e agradar gregos e troianos, sendo que a origem que respeito é mais oriental, dotado de valores mais éticos e centrados nos semelhantes;

9- Aproveitando, entrego a minha DEPENDENCIA FISICO-QUIMICA de você, importa dizer que esse vício ou doença sempre estará a porta, tentando me convencer do uso, mas prometo me policiar e não te atrapalhar mais;

10- Fique com meu eterno Amor, não com a minha conivência.



                                                                                                                           Hum beijo

                                                                                                                             R.T.C.1

 
PS: Elementar dizer que passarei a perseguir a idéia de encontrar alguém melhor, mas obviamente tenha a humildade de reconhecer não ser assim (deu para entender?). Cansei de ser palhaço, e te fazer assim, enganando e fingindo ser alguém que não sou. Linda, o Noivo sempre vai te amar, só não sei o que Ele vai encontrar quando voltar para casar.
PS2: Se bem que ele não vai se relacionar com um partido/facção/four walls...(bom de se pensar)



Um comentário:

Flora disse...

"...Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?..."(C.Drummond)