“BORN TO BE FORGIVEN”
“A long time ago....”
É com esse mundialmente conhecido início de estória que eu dou partida em mais um conto c/c lição (C/C é usado no Direito = CUMULADO COM...) que aprendi nesta longa estrada da vida.
Semanas atrás, este observador da vida, teve o prazer C/C milagre de passar um dia inteirinho na companhia de uma HARLEY DAVIDSON 883 SPORSTER. Alguns queridos podem dizer: “Grande merda.que é isso”. Eu responderia: “Uma merda respeitável, querido, uma Harley”. O nome fala por si só.
Meu pai, nesta realidade física e sanguínea, carinhosamente poderá ser chamado pelos “santos” leitores, de Seo Orestes, e creio que ele será parte integrante de muitos contos desta página de idéias e revelamentos.
Continuando. Passei um dia inteiro com a bendita motocicleta. Andei até, alegria total para quem ama a liberdade que só uma moto proporciona e possui graças a D´us) uma Intruder 125.
O(a) amigo(a) já imaginou.
Incrível, sempre tem algo DRAMATICO...
Como alegria de pobre, dura até o limite do cartão de crédito, comigo não seria diferente. Fui participar de uma reunião com o pessoal da Congregação de Santos Lavados e Remidos no Sangue do Cordeiro, aonde sou o pior de todos (risos).
No ato de estacionar a moto de preço não muito acessível a mim (vide FIPE), cometi a burrice de permitir que ela escorregasse em um pequeno barranco. O peso da moto é absurdo C/C minha absurda fraqueza, o retrovisor da mesma acabou por raspar em um alambrado.
Arrancada foi parte da tinta, e o espelho em si, sofreu um arranhão de certa forma profundo.
O desespero tomara conta de mim, conhecedor da fúria de Poseidon, digo, de Seo Orestes, passei assim a pensar em como reverter esse quadro.
Como esconder tamanha violação a lendária motocicleta?
Pinto de preto a parte que descascou?
Mas e o espelho?
Compro outro e não falo nada?(R$ 794,00 !!!! na única loja aberta no dia do fato)
Me mato agora? Ou depois do culto? (essa foi para esculachar, perdoa...risos)
Essas foram algumas das perguntas que me fiz na busca de solução. Claro que após toda essa fração de tempo, seguido da pesquisa e susto com o preço do único retrovisor que consegui encontrar, em um dia de feriado, que a verdadeira mentirada começou a pioocar na minha mente.
Ah.....
TEM QUE HAVER UM “AH !!!”
Não contente com tudo o que houve, diria o Rei: “São tantas emoções.”
No retorno ao lar, uma verdadeira tempestade pluviométrica deu o ar da graça, vindo sim a me encontrar na Rodovia que peguei rumo a casa de meu Pai. Um companheiro de moto caiu bem na minha frente e como um médio samaritano, parei a moto, sinalizando para o caminhão que estava atrás de mim e socorri o homem, que estava bem para desespero dos que gostaríam de ler uma tragédia.
Depois de uma eternidade, cheguei a casa da motocicleta, a morada do Pai, tendo contrações no esfincter, de tanto medo. Imagina, um bem, super querido, desejado por anos, adquirido, quase que idolatrado...
“E um desastrado, sem habilidade, com o contrário do toque de Midas...macula o que pegou emprestado !!!”
Limpei a “princesa”, por causa da chuva, sequei, e cobri com a capa, revelo a seguir minha última tentativa de impedir que o Pai soubesse do meu erro:
“Resolvi em meus porões secretos da alma, ganhar tempo, sim, limpo a moto, já que o Pai dorme, cubro-a, como sinal de que tudo está bem, e no Sábado que se iniciará amanhã, eu compro na loja oficial um novo retrovisor, tiro o avariado e pronto...ninguém sofre, só o bolso daquele que avariou o bem.”
O plano perfeito. Mas quando eu terminara de executar, o Pai, que quase não dorme, acorda para recepcionar seu filho com um beijo e perguntas: “e aí, tudo bem? Pegou chuva? E a estrada?...”
IMAGINE AS CONTRAÇÕES !!!!
NÃO, NÃO IMAGINE...
O Pai, depois de conversar com o Filho Mau, vai até a moto, mexe na capa, ensina a colocar de maneira correta, e resolve tirar a mesma.
O Filho Cruel, em um ímpeto e cansado de guardar tamanha mentira, resolve confessar, deixando claro que o discurso aqui exposto foi enriquecido para trazer emoção a trama:
“Pai, pequei contra o céu e contra ti, trata-me como um dos teus servos, e me permita restituir o dano que causei, ainda que eu pague em parcelas a serem debitadas do cartão de crédito. Por favor...”
Aguardando toda a ira “conhecida” do Pai, porque sempre o viu como zeloso, homem e amante da justiça, seja ela com quem for, o Filho Iníquo recebe a seguinte resposta, também enriquecida para melhor ilustrar o conto:
“Filho meu, perdoados estão os teus pecados, não esquenta a cabeça, isso aí, humm, uma tinta por cima disso resolve, está vendo, isso é tão caro, mas olha aí, de certa forma é uma porcariazinha. Não quero que dispenda seus recursos nisso, deixa comigo, esquenta não. Estou com fome, vamos comer?”
QUE POSSO DIZER?
Nesses últimos anos de vida, principalmente após a saída de casa, tenho experimentado minha fé de uma maneira que eu descrevo como lúdica. Confesso estar aprendendo muito mais daquilo contido no Espírito da Palavra de D´us, fora dos rincões e cercados dos templos e igrejas.
E uma figura que tem desempenhado uma papel fundamental, tem sido o meu Pai, mencionado no início e por toda nossa estória. Sabendo ou não, ele tem sido instrumento de verdadeiro C/C sincero aprendizado, não demagógico, mas realmente prático. Nessas horas, apesar da frequente avaliação e dúvida que agora habitam o meu ser, eu sinto o cuidado do Eterno.
E nessa lição de hoje, se você for muito culto, deve me achar infantil por escrever uma estória dessas, se é muito religioso, ou apegado a um certo dogma, filosofia religiosa (seja o ramo que for), um herege de certa forma. Agora, se você é uma pessoa que entendeu parte daquilo que o Carpinteiro disse, vai me respeitar e reter alguma coisa que encontre de bom.
Já lemos e ouvimos, ainda que indesejadamente, ou em boa ou má colocação, que “DEUS É AMOR”, e é verdade. Dentro dessa premissa, Ele também é: perdão, graça, verdade, vida, saúde, alegria (e porque não a tristeza em certos momentos?)...
E além de tudo isso, é surpresa, ou seja, você não sabe o que virá da parte Dele, nem com será.
Foi assim comigo, e com alguém de carne e osso. Imagina daquele que é o Eterno?
Pai, na boa, o Sr. é fera, continua sendo meu herói. (os dois, para não dar briga, tá?)
Imagine...
Rodolfo T. Correa (não uso drogas, ok?)